quarta-feira, 27 de abril de 2016

(Parte 2) Magnífico, Versátil, e Extremamente competente...Jethro Tull


O disco A deu novos rumos à música do Tull, até porque não foi originalmente gravado como um disco do Tull. Nele os experimentos eletrônicos ganham força, o que não significa um som ruim, apenas diferente do que o Tull vinha fazendo, com grande presença dos teclados de Eddie Jobson. A faixa Black Sunday é uma das grandes músicas desse álbum, com a letra cantada de maneira rápida, é uma música que começa lenta pra depois ganhar um bom ritmo, com Ian, Martin e Jobson muito bem entrosados, ótimas passagens instrumentais de teclados, e solos de guitarra e flauta, com uma passagem lenta no meio com ótimos climas criados por Eddie. O baixista Dave Pegg (Aliás, o trio Ian-Martin-Dave irá durar até 95), vindo da banda folk Fairport Convention, e o baterista Mark Craney também tocam de maneira incrível nesse disco. O baixo de Pegg se faz muito presente, o que pode ser visto logo no começo da faixa Protect And Survive, faixa bastante tocada pelo Tull em shows mais recentes. Outras faixas que merecem destaque são The Pine Marten’s Jig, que soa bastante folk e onde Eddie mostra como toca violino de forma espetacular, além de Fylingdale Flyer, Uniform e Crossfire.
Foi lançado um vídeo dessa época, chamado Slipstream, que recentemente saiu em DVD, que contém um show e vários clipes. O show é muito bom, ouvir Heavy Horses com violino junto, ao vivo, é simplesmente fantástico. Os clipes também são interessante, e alguns bastante engraçados, como o da música Too Old To Rock ‘n’ Roll: Too Young Too Die, gravado 4 anos após o disco homônimo, que mostra a banda toda vestida de velhos, ou o da música Sweet Dreams, com Ian interpretando um vampiro.
Mark Craney deixa a banda depois do A, e Eddie Jobson, que sempre foi um “andarilho”, segue seu caminho, que ainda iria se cruzar com o do Tull por mais uma vez. O baterista Gerry Conway entra no lugar de Craney. O ano 1981 é o primeiro ano em que a banda não lança um disco, e fica inativa, com apenas algumas sessões de gravação onde os músicos se reúnem. Várias músicas dessa época são lançadas anos depois no CD 2 do disco Nightcap.
Em 1982 Peter-John Vettese ocupa o cargo de tecladista e é lançado o décimo quarto álbum de estúdio do Tull. O The Boadsword And The Beastie (1982) é um álbum em que a banda tenta retornar ao Folk que estava sendo feito até Stormwatch, e apesar de conter muita influência eletrônica do disco anterior, conseguiu ser um trabalho bem equilibrado entre esses dois estilos, resultando numa nova sonoridade e num álbum muito bom. A única coisa que me incomoda um pouco nele é a bateria eletrônica, que segue sempre um ritmo “eletrônico” demais, por mais que isso soe redundante, acho que vocês me entendem. O disco começa com Beastie, que fala da besta da capa num ritmo sombrio, já a Broadsword fala da espada, e num tem um clima mais nobre, por assim dizer, mais heróico, e as duas com ótimos solos de guitarra. Flying Colors é um dos pontos altos do disco, junto com Pussy Willow, e a pequena e bela Cheerio, que fecha o disco.
Gerry deixa a banda pouco após a gravação, e o Tull tem uma participação especial numa apresentação em Londres: Phil Collins, baterista da banda Genesis. Há um vídeo dessa apresentação, com duas das músicas tocadas: Jack in The Green e Pussy Willow. Para a turnê desse ano é contratado o baterista temporário Paul Burgess. Os shows dessa época são muito bons, a banda com uma ótima pegada, tocando as músicas do Broadsword e sons da fase folk, como Songs From The Wood, Heavy Horses e One Bronw Mouse, além dos clássicos da discografia Tulliana. Também era tocado nos shows um dueto fantástico de teclado e bateria, com Peter e Paul mandando muito bem. Os vídeos também são muito bons, tem um na Alemanha que mostra uma grande performance, o Ian fazia coisas interessantes na época, como aparecer cantando a música Beastie com um bonequinho do personagem da capa do disco nas costas, e em Broadsword trazia uma espada. O show da Alemanha não tem isso, que ainda não tive oportunidade de ver senão em fotos. Após a turnê do disco, Paul Burgess deixa a banda, e em 1984 começam os trabalhos do novo álbum.
Na década de 80 muitas bandas dos anos 60 e 70 ficaram um pouco perdidas musicalmente, num cenário que estava se tornando pouco receptivo ao virtuosismo do rock progressivo, com a ascensão do punk rock e da música pop. O Tull não foi exceção. ou primeiros álbuns da década tiveram um grande influência eletrônica, mas ainda assim se mantiveram num bom nível, entretanto, em 1984 os experimentos com música eletrônica atingiram seu ponto máximo, resultando no álbum Under Wraps (1984). O UW é um disco com muita música eletrônica, teclados e samplers, e onde reina absoluta a bateria eletrônica, programada pelo próprio Ian, já que não houve nenhum baterista envolvido na gravação do álbum. A guitarra e o baixo chegam a ficar em segundo plano, e às vezes é difícil identificá-los, e a flauta é pouco utilizada. Resumindo, e um álbum com grande queda de qualidade, e que soa extremamente datado, mas algumas músicas como European Legacy, a acústica Under Wraps #2 e Nobody’s Car são menos ruins. Nos shows dessa época Doane Perry começa a tocar bateria na banda, e está no Tull até hoje, e Gerry Conway faz algumas participações como músico convidado até 1988.

No mesmo ano foi gravado um ao vivo que foi lançado só em 1990, chamado Live At Hammersmith ’84. No disco podemos ver que a guitarra de Barre nos shows dessa época está muito pesada. É um disco ao vivo bastante interessante, onde são tocados vários clássicos, e mesmo com toda tecnologia envolvida no último disco, Ian e companhia mostram que não perderam o antigo “jeito Tull” de tocar, como em Locomotive Breath.
Ainda em 1984 foi gravado outro ao vivo, chamado A Classic Case, lançado no ano seguinte. É um disco em que o Tull toca com a Orquestra Sinfônica de Londres, regida pelo ex-membro da banda David Palmer, resultando no único álbum completamente instrumental da banda. E a mistura foi muito bem feita, a banda tocando muito e em completa harmonia com a Orquestra, o que não poderia ser diferente, pois David Palmer fez os arranjos pra Orquestra além de regê-la.
Em 1985 ocorreu um show que merece ser lembrado, o Bach-Rock, ocorrido em Berlim em homenagem ao aniversário de 300 anos de J. S. Bach. Nele está presente Eddie Jobson, que tocou com o Tull em 80, e aparece como convidado especial nos teclados e violino. O show foi aberto com Black Sunday, música da época do disco A, e seguiu com vários clássicos do Tull, até chegar em Bourée, música que não poderia faltar num show como esse, e com Soirée grudada nela. Logo após veio a adaptação de Concerto Para Dois Violinos, de Bach, ou Bach’s Double Violin Concerto. Não havia dois violinistas no palco, mas Eddie tocou o seu violino maravilhosamente e Martin fez a parte do outro na guitarra, e todas as outras partes da música são fenomenais, mostrando os músicos tocando com muita técnica e fazendo um som sensacional. Bach deve ter adorado, esteja onde estiver. No meio da música Ian sai do palco e a música muda de repente pra Parabéns pra Você, logo após Ian volta com um chapeuzinho na cabeça, soprando uma língua de sogra e com um bolo de aniversário no ombro direito, com três velas acessas. Chega perto de Eddie e ele apaga duas delas num soprão, e o Ian se encarrega de apagar a terceira com a língua de sogra! Uma das cenas mais engraçadas de um show muito bom do Tull, que termina com os versos finais de Thick As A Brick.


De 1985 até 1987 a banda estava inativa, com os membros se reunindo para poucos apresentações e sessões de gravação. E entre eles se encontrava o violinista Ric Sanders, que como Dave Pegg e Gerry Conway, é membro do Fairport Convention, e gravou participações no disco de 1987.
O período de inatividade serviu pra que Ian tratasse um problema na garganta, adquirido na turnê do Under Wraps. Então, em 1987 o Jethro Tull volta de maneira surpreendente, com o álbum Crest Of A Knave (1987). Neste disco Peter-John Vettesse se afasta da banda, e o próprio Ian se encarrega dos teclados e da programação da bateria eletrônica de três faixas, Doane Perry toca em duas faixas e Gerry Conway em quatro. Ric Sanders, o violinista supracitado, gravou com a banda como músico convidado nas faixas Budapest e The Waking Edge. Dave continua firme no baixo, e Barre toca de maneira sensacional neste álbum, que tem uma sonoridade mais pesada e se baseia muito em sua guitarra.
Nesse álbum Ian opta por baixar os tons da música para cantar num tom mais baixo, devido ao problema em sua garganta. Essa mudança e a falta de um tecladista na gravação do álbum fizeram com que guitarra de Barre tivesse mais peso e presença nesse disco. O álbum começa com Steel Monkey, com bateria eletrônica, mas muito melhor que a do álbum anterior. A faixa é num ritmo rápido, com um belo solo de guitarra. Said She Was A Dancer rendeu ao Tull a comparação com a banda Dire Straits, e realmente a faixa lembra bastante, devido ao tom de voz em que Ian canta e mesmo ao modo como Martin toca a guitarra. Budapest é a grande estrela do disco, com 10 minutos de duração, a faixa tem um clima calmo e começa acústica, pra depois ganhar peso com a guitarra de Barre e um toque de beleza do violino de Ric Sanders. Um clássico do Tull pós setentista. Outras ótimas faixas são Farm On The Freeway, Jump Start e Mountain Me. Aliás, esse disco todo é ótimo.
E foi isso que a academia do Grammy Awards também achou, e deu o prêmio ao Jethro Tull em 1989, mas a categoria na qual a banda venceu gerou polêmica. O Crest Of A Knave ganhou o prêmio por Melhor Performance de Hard Rock/Heavy Metal, categoria na qual a banda Metallica era a favorita com seu disco …And Justice For All. E convenhamos, o Tull estava com um som mais pesado, mas nunca chegou perto de ser Heavy Metal, foi uma premiação realmente estranha. Um tempo depois a banda mandou publicar uma figura de uma flauta colocada entre várias barras de ferro e a frase ambígua “The Flute is a (Heavy) Metal Instrument”, com a palavra Heavy rabiscada em cima da frase. Nos shows do final de 1987 o tecladista Don Arey tocou com a banda, e também o convidado Ric Sanders.
Em 1988 ocorreu um lançamento muito importante, a caixa especial em comemoração dos 20 anos da banda. A caixa contém 62 músicas, divididas em 3 CD’s, são eles: CD 1 – Radio Archives and Rare Tracks, CD 2 – Flawed Gems and Other Sides Of Tull e CD 3 – The Essential Tull.
O primeiro CD começa com várias faixas de sessões da BBC, incluindo um cover de Stormy Monday Blues, de T. Bone Walker, também trás algumas músicas da época do álbum The Boadsword and The Beast, que ficaram de fora do disco, como Jack Frost And The Hooded Crow e Too Many Too. Contém ainda várias músicas só lançadas até então em singles e compactos, como 17, One for John Gee, King Henry’s Madrigal, e as duas do primeiro compacto da banda (que saiu com o nome errado: Jethro Toe), chamadas Aeroplane e Sunshine Day, entre várias outras raras e algumas versões ao vivo.
O segundo CD trouxe mais 5 faixas que ficaram de fora do Broadsword, como a bela Jack-A-Lynn e a alegre Mayhem Maybe, além de várias faixas gravadas entre 1977 e 1979, e até então inéditas, como Beltane, Crossword, e uma que eu adoro, Kelpie. Part of The Machine é outra faixa lançada apenas num single, e foi a última participação de Gerry Conway na banda. Há também outras faixas mais antigas, e entre elas a mais importante é The Chateau D’Isaster Tapes, gravação de 1972 que tinha o propósito de ser o disco de 1973, como já dito anteriormente.
O terceiro CD tem uma coletânea de clássicos da banda, com algumas versões ao vivo. Também foi lançado um CD que é uma coletânea do material dos três CD’s descritos acima, além de um vídeo, que contém entrevistas com pessoas que passaram pela história da banda, fãs, o próprio Ian, etc. Além disso tem clipes e cenas de shows, como a música To Be Sad Is Mad Way To Be, no começo de 1969, em uma das primeiras apresentações de Martin Barre com a banda, o clipe da música The Whistler, três músicas do famoso show de 1978 no Madison Square Garden (Thick As A Brick, Songs From The Wood e Aqualung), e ótimos clipes de Heavy Horses e Budapest, entre outros.
Para a turnê dos vinte anos, Martin Allcock se junta a banda nos teclados. A banda agora era composta por Ian Anderson, Martin Barre, Doane Perry, Dave Pegg e Martin Allcock. Em 1989 essa formação lança um novo disco, chamado Rock Island (1989), que conta com a participação especial de Peter-John Vettese em algumas faixas.

Rock Island é um disco em que a banda dá continuidade ao trabalho realizado no álbum anterior, com um som mais pesado, cheio de riffs e solos de guitarra e de flauta. Tem músicas maravilhosas, como a faixa título, com um solo de guitarra seguido de um solo de flauta, ótimas linhas de baixo e Doane muito bem na bateria, tanto nas partes pesadas quanto nas lentas. As músicas The Rattlesnake Trail e Heavy Water também merecem destaque, além da bela Another Christmas Song.
Em 1991 o álbum Catfish Rising (1991) é lançado. É um disco muito interessante, uma mistura muito boa do hard dos discos anteriores com pitadas de blues e folk, tem um clima meio sombrio, urbano por assim dizer. Martin Allcock não participa do álbum, que contou com diversas participações especiais, como John Bundrick, que entre outros tocou com o The Who, nos teclados. Também nos teclados tocaram Foss Paterson e Andy Giddings, que mais tarde faria parte do Tull, Matt Pegg, filho do Dave, tocou baixo em três faixas e Scott Hunter tocou bateria em uma faixa. Allcock fez shows com a banda esse ano, ao final do qual deixou o Tull.
Rocks On The Road é uma grande música desse álbum, e passa bem a idéia do clima urbano e obsuro de que falei acima. Outas boas músicas são Sparrow On The Schoolyard Wall, When Jesus Came To Play, que tem umas pitadas de blues, e Roll Yer Own, que soa bem folk.
No ano seguinte é lançado um disco ao vivo gravado em vários shows no começo do ano, chamado A Little Light Music (1992). Nele quem toca bateria é um outro membro do Fairpot Convention, Dave Mattacks. É um dos melhores ao vivo do Tull, como é semi-acústico algumas músicas antigas foram trabalhadas em novo formato, o que deu um resultado espetacular, como em Pussy Willow, Under Wraps e Too Old To Rock ‘N’ Roll: Too Young To Die. Além disso em Bourée eles tocam o primeiro movimento do Concerto para Dois Violinos em Ré Menor, de Bach.
Após os shows em que ocorreram a gravação desse disco, Doane Perry reassume seu posto na bateria e Andy Giddings, que havia feito uma participação especial em Catfish Rising se junta oficialmente ao Tull nos teclados.
Em 1993 acontece mais um lançamento de peso na discografia Tulliana, a caixa especial em comemoração do aniversário de 25 anos da banda. A caixa contém 4 CD, sendo eles: CD 1 – Remixed Classic Songs, CD 2 – Carnegie Hall, NY Recorded Live (New York City 1970), CD 3 – The Beacons Bottom Tapes e CD 4 – Pot Pourri Live Across The World & Through The Years.
O CD 1 contém versões remasterizadas de clássicos do Tull, de 1968 a 1982. O CD 2 é um ao vivo gravado em Nova York em 1970, comentei sobre ele no início do artigo. O CD 3 são músicas clássicas do Tull gravadas pela formação da época do lançamento da caixa, e contém várias coisas interessantes, como a música So Much Trouble, que é bem antiga, e foi tocada nas sessões da BBC no final de 68 e início de 69, ainda com Mick Abrahams na banda, e não havia sido lançada oficialmente antes. Também tem uma versão diferente de Living In The Past, com gaita, e uma bela versão de Cheerio, com 4 minutos de duração. Protect And Survive ganhou uma cara nova em uma maravilhosa execução acústica e elétrica de Martin Barre. Uma curiosidade é que o Ian não toca nessas duas últimas faixas, que são fantásticas. Outras duas que eu adoro são a versão alongada de A New Day Yestreday e a versão instrumental e elétrica de The Whistler.
O CD 4 apresenta músicas de várias apresentações do Tull ao redor do mundo e através dos anos, como o título do disco diz. Contém coisas como Passion Play Extract, um pedaço de A Passion Play tocado em 1975, Back To The Family e To Be Sad Is A Mad Way To Be tocadas em 1969, uma Medley de Wind-Up, Locomotive Breath e Land of Hope And Glory tocada em 1977, além Seal Driver em 1982 e Nobody’s Car e Pussy Willow em 1984. O restante do disco é de apresentações de 1991 e 1992. Além disso foi lançado um cd duplo chamado The Best Of Jethro Tull: The Anniversary Collection (1993), uma coletânea de músicas remasterizadas dos álbuns de 1968 a 1991.
Houve também o lançamento de um vídeo, mostrando uma reunião do membros antigos e então atuais da banda, com entrevistas e conversas com muitos deles, que falaram de coisas como o motivo da saída do Tull, o que estava fazendo até aquele momento, etc. Além disso entre as entrevistas tem várias partes de clipes de diversas épocas, gravações em programas de TV em 70, o clipe gravado pra turnê de 73 onde Jeffrey narra a história da lebre que perdeu seus óculos, clipe de 75 do Minstrel In The Gallery, clipe de Kissing Willie, além de algumas músicas gravadas pela formação da época, como A New Day Yesterday, entre outros. Em 2004 saiu o DVD A New Day Yesterday: the 25th Anniversary Collection 1969-1994, que trás as entrevistas do encontro, 7 clipes completos e excertos de muito outros.
Mas o ano de 1993 ainda não havia acabado, e outro grande lançamento chegou às mãos dos fãs esse ano. Nightcap, um álbum duplo. O primeiro CD trás 13 faixas, todas gravadas em 1972, quando a banda trabalhava no próximo disco após o TAAB. Dentre elas as três últimas já haviam sido lançadas anteriormente, na caixa de 20 anos, em uma única longa faixa. É um disco muito bom, que lembra o A Passion Play em várias partes. Contém a bela Animelée, Law of The bungle e Law of The Bungle Part 2, na qual Martin Barre fala no começo, além das maravilhosas Critique Oblique e Post Last, e das três faixas de que falei antes. Um grande disco de uma época que ficou esquecida por um longo tempo. O CD 2 contém várias faixas inéditas de 81 e do período que vai de 89 a 91, além de algumas de 74, 75 e 78.
Em 1995 o Tull lançou um novo disco, chamado Roots To Branches (1995). Dave Pegg chegou a tocar baixo em três músicas dele, mas então deixou o Tull para poder se dedicar apenas ao Fairport Convention. Dave nunca saiu do Fairport, e tocava nas duas bandas ao mesmo tempo. O baixista convidado Steve Bailey tocou no resto do disco, mas quem tocou na turnê foi o novo integrante do Tull, Jonathan Noyce. Essa formação (Ian Anderson, Martin Barre, Doane Perry, Jonathan Noyce e Andy Giddings) foi a mais duradoura do Tull, os cinco tocaram juntos até 2006.

O Roots To Branches é um álbum excepcionalmente bom, um dos melhores, senão o melhor, desde Stormwatch, apesar de eu gostar muito dos outros que existem entre os dois. O disco tem muitas influências orientais e árabes, e Ian toca flauta de bambu em várias faixas neles. A faixa título abre o disco, com Ian na flauta de bambu e um clima sombrio, alternando momentos calmos com outros mais pesados, trás uma progressividade que não era vista no Tull há algum tempo. Rare And Precious Chain segue na mesma linha, com visível influência árabe. Dangerous Veils é outra ótima música, com direito a uma ótima passagens instrumental com destaque para os teclados e a guitarra. Wounded, Old and Treacherous é uma música longa, começa num ritmo legal, depois fica lenta e Ian canta meio que falando, e do meio em diante ela vai crescendo e aumentado o ritmo pra depois voltar a ficar lenta e finalmente terminar numa explosão progressiva maravilhosa. Um grande álbum que trás um Tull renovado e surpreendente.
Em 1999 sai o disco J-Tull Dot Com (1999), que como o nome sugere, faz propaganda do recém criado site da banda ( j-tull.com ). É um disco controverso, e divide opiniões entre os fãs. Pra mim ele ainda é um disco esquisito, as vezes gosto mais dele do que outras. Mas o fato é que ele trás música boas e outras que ficam abaixo do restante da produção do Tull. Ele é aberto pela música Spiral, que tem um ritmo legal e um solo de Barre, sustentado pelos bem colocados teclados de Giddings. El Niño é outra faixa interessante, com um certo clima de suspense.
O século 21 traria vários discos ao vivo, e também os álbuns de estúdio (até o Roots To Branches), e alguns ao vivo mais antigos, em versões remasterizadas. Além da qualidade sonora, a maioria dos remasterizados tem faixas bônus vindas de singles, versões ao vivo ou sobras de estúdio da época do disco, e que complementam muito bem os álbuns. Grande parte das faixas bônus já haviam sido lançadas nas caixas especiais de 20 e 25 anos, mas é muito interessantes tê-las junto do álbum de estúdio de sua época. O remaster de A Passion Play trás um vídeo bônus da The History Of The Hare Who Lost Her Spectacles, e o do A trás como bônus o DVD Slipstream, da época da turnê do álbum. Um remasterizado muito importante é o do The Broadsword And The Beast, já que a qualidade da masterização original desse CD era lamentável. Além disso ele trás 8 faixas bônus, todas elas são da época do álbum mas ficaram de fora dele, e, segundo Dave Pegg disse certa vez, elas (mais Motoreyes, que saiu na caixa de 20 anos e é da mesma época) teriam dado um álbum melhor do que o Under Wraps, e eu acho que ele estava certo. A versão remasterizada de War Child trás sete bônus muito boas, incluindo a até então inédita War Child Waltz.
Em 2002 sai o disco ao vivo Living With The Past (2002), que é lançado também em DVD. A maioria das faixas é gravada num show de 2001, e outras no estúdio na casa do Ian, etc. É um show muito bom, com várias faixas antigas e algumas pouco tocadas ao vivo. Além disso os integrantes da banda dão vários depoimentos interessantes entre as faixas, e há clipes de uma reunião da primeira formação da banda, tocando músicas da época, como Some Day The Sun Won’t Shine For You.
Em 2003 é lançado o The Jethro Tull Christmas Album (2003), que contém antigas faixas natalinas do Tull regravadas, e algumas novas músicas. O disco conta com a participação de James Duncan, filho do Ian, na bateria em várias músicas, Dave Pegg aparece em A Christmas Song tocando bandolim, e no baixo em Another Christmas Song. Além disso um quarteto de cordas toca na inédita First Snow On Brooklyn. Outras inéditas muito boas são Greensleeved, faixa de autoria atribuída ao rei inglês Henry VIII, além de Holly Herald e A Winter Snowscape. God Rest Ye Merry Gentleman, que Ian toca em solos de flauta desde os anos 70 ganha enfim uma versão definitiva e maravilhosa. O disco ainda contém regravações de clássicos como Bourée e Weathercock.
Ainda em 2003 é lançado o DVD A New Day Yesterday – 25th Anniversary Collection, 1969-1994, e em 2004 o disco e DVD ao vivo Nothing Is Easy: Live At Isle Of Wight, ambos já comentados nesse artigo. Em 2005 sai o DVD solo de Ian Anderson chamado Ian Anderson Plays The Orchestral Jethro Tull, onde ele e sua banda solo tocam com uma Orquestra os grandes clássicos da banda. A banda solo de Ian era composta por James Duncan na bateria, Florian Opahle na guitarra, David Goodier no baixo e John O’Hara nos teclados e acordeon, esses dois últimos fariam parte do Tull mais tarde.
Após esse DVD, foram feitos vários shows com Orquestra, e Ian começou a se aproximar bastante da música clássica. Essa influência acabou se refletindo também no Tull. Aliás, nesse ponto uma coisa precisa ser dita. A banda solo do Ian e o Tull começaram a se confundir, eram feitos shows do Tull com uma mistura da banda solo e do membros oficiais do Tull, até que um tempo depois, na página sobre os membros no site da banda os membros da banda solo do Ian, os do Tull e algumas violinistas convidadas especiais passaram todos a ser creditados como membros do JT, como uma grande “família Tull”. Ainda em 2005 é lançado o disco ao vivo chamado Aqualung Live (2005), onde é tocado todo o álbum Aqualung (1971), de 1971.
Em 2005 e 2006 o Tull tocou com uma convidada especial, a violinista Lucia Micarelli. Nesse período foram tocadas alguns covers, como de Kashmir, do Led Zeppelin e Bohemian Rhapsody, do Queen. Micarelli também tocava o Concerto para Violino em Dm, do compositor erudito Jean Sibelius. Uma outra belíssima composição dessa época é a música Moz’ Art Medley, que contém partes de diversas músicas famosas de Mozart. Uma música fantástica, com Ian na flauta e Lucia no Violino. Há um vídeo fantástico de 2006 de um show em homenagem a Mozart chamado Spirits Of Mozart, em que tocaram vários artistas, e nele Ian e Lucia tocam a Moz’ Art Medley e também Bourée. É de encher os olhos, realmente lindo. Outras violinistas também tocaram com a banda, como Anna Phoebe e mais recentemente Ann Marie Calhoun.
Em 2007 foram lançados um coletânea de músicas acústicas chamada The Best Of Acoustic Jethro Tull, e o Cd e DVD do show de 2003 chamado Live At Montreux 2003 (2007). O último é muito legal mesmo. Vale muito conferir o som dessa banda eterna!

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