Em 1996, a Nike deu início a uma parceria com a equipe mais vitoriosa do mundo: a Seleção Brasileira. Surgia ali a missão de criar uma chuteira digna do calibre esportivo desse time. Ronaldo, então o jovem atacante do time, foi eleito como fonte de inspiração. Em campo, ele demonstrava paciência. Ficava à espreita, esperando pelo momento certo. Quando a oportunidade surgia, ele dava o bote, acelerando em direção à bola com velocidade implacável. Quando o gol estava em seu campo de visão, a natureza de Ronaldo parecia se transformar. Resumindo, ele era Mercurial: capaz de mudanças inesperadas e surpreendentes.
Para criar uma chuteira adequada ao estilo explosivo de Ronaldo, os designers da Nike olharam para a história da marca. Os primeiros conceitos partiam de uma sapatilha de atletismo desconstruída, misturada com a parte superior da chuteira Nike Tiempo. A combinação ilustrava o objetivo de reduzir ao máximo o peso da chuteira. Para enfrentar esse desafio, a equipe se afastou de tendências há tempos dominantes. Eles abandonaram o couro de canguru e decidiram usar um substituto sintético para o material, o KNG-100. A segunda grande revolução foi uma redução na espessura da placa, que deixou de ter o padrão de 3 milímetros e passou a ter apenas 1,75 milímetros. Essa novidade marcaria uma guinada na história do jogo. “Naquela época, tudo parecia assustador. O visual, os materiais usados… As pessoas não sabiam o que pensar. Foi um momento sensacional na história do esporte”, lembra Luca Bolpagni, do Centro de Criação de Produtos da Nike, em Montebelluna, na Itália.
No dia 16 de junho de 1998, Ronaldo acertou o primeiro gol na estreia da Mercurial – um meio-voleio genial. Passados quase 20 anos, milhares de outros gols foram marcados, em partidas informais de futsal ou em pênaltis que decidiram a sorte de grandes torneios internacionais. Desde então, a Mercurial nunca parou de evoluir. O objetivo foi sempre o mesmo: atender às necessidades dos velozes e surpreendentes atletas contemporâneos, trazendo possibilidades inovadoras, estilo e estética para o mundo do futebol.
A gênese: A princípio, a primeira Nike Mercurial era conhecida como Tiempo Ultra Light ou Ronaldo Ultra Speed. Ela foi desenhada tendo em mente a inigualável velocidade de Ronaldo.
A tecnologia: Embora tivesse as mesmas propriedades que o couro natural, a parte superior da chuteira no material KNG-100 não absorvia tanta água, além de ser mais fino e leve do que o material tradicional. Isso acabou com o preconceito contra tecidos sintéticos, e transformou o processo de manufatura de calçados de futebol. Sobre esse cabedal, aplicou-se uma camada pegajosa do mesmo revestimento que recobria chassis de motos de corrida, criando um inédito controle sobre a bola.
O visual: Nos pés de Ronaldo, o impacto da paleta azul e amarela foi imediato.
NIKE match MERCURIAL 2000: A VELOCIDADE FICA AINDA MAIS rápida
A gênese: Na segunda geração, o desenvolvimento da chuteira foi incorporado pelo Projeto Alpha da Nike – que incluía uma série de modelos, tais como Mercurial R9, Air Zoom Italia, Match Mercurial e Air Zoom Mercurial (uma raridade, com amortecimento Nike Zoom Air em toda a extensão da chuteira). O símbolo do projeto eram cinco pontos, um emblema de excelência e alto desempenho. A meta principal era reduzir ainda mais o peso das chuteiras.
A tecnologia: Pesando apenas 230 gramas, a Nike Match Mercurial 2000 comprovou que as experiências da Nike com chuteiras de baixíssimo peso não haviam sido encerradas com a Nike Mercurial original.
O visual: Embora preservasse o mesmo molde do primeiro desenho, ela ganhou estética própria – sobretudo na lendária Match Mercurial R9 de Ronaldo, na qual o KNG-100 tinha uma tonalidade acobreada e metálica que escurecia até atingir um tom negro na região dos dedos.
NIKE MERCURIAL VAPOR 2002: DAS PISTAS PARA OS GRAMADOS
A gênese: Se a ideia inicial da linha Mercurial era construir uma sapatilha de atletismo projetada para ser usada no gramado, a terceira versão do modelo foi criada para aguentar arrancadas ao longo de 90 minutos em campo e garantir contato perfeito entre pé e solo, para os jogadores mais rápidos.
A tecnologia: Tudo – da cola ao fio usado nas costuras – foi pensado, sempre tendo em mente o objetivo de atingir leveza máxima. Um novo molde anatômico foi desenhado ao redor do formato natural dos pés, reduzindo a pressão e deixando o jogador mais próximo da placa da chuteira. Esse caimento inovador reduziu o peso, aumentou o conforto e – reafirmando o DNA da Mercurial – elevou a velocidade. As estrelas americanas Mia Hamm (que comandou a seleção feminina dos EUA na vitória de 2003 e no ouro conquistado em 2004) e Brandi Chastain usaram esse modelo. As informações e ideias fornecidas por elas levaram à criação da Mercurial Vapor Feminina de 2003, projetada à perfeição para o pé das atletas mulheres.
O visual: Simplesmente veloz, evidenciado nas linhas inspiradas pelos mais rápidos automóveis da época.
NIKE MERCURIAL VAPOR II 2004: NASCE UMA NOVA ESTRELA
A gênese: Para criar a sensação perfeita entre o pé do jogador e o solo foi preciso refinar o conforto do modelo.
A tecnologia: As modificações no caimento incluíram uma palmilha aumentada no calcanhar, aprimorando o amortecimento na região do tornozelo.
O visual: A edição Team Red mostrava que as cores ousadas ainda faziam parte da estética da Mercurial Vapor. Já os tons dourado e preto do modelo exclusivo de Ronaldo – a Mercurial Vapor II R9 – marcaram época. O ousado design se sobressaiu nos pés de Cristiano Ronaldo, então uma estrela em ascensão. Dessa maneira, o culto pela chuteira foi passado adiante de forma suave, como uma tocha.
NIKE MERCURIAL VAPOR III 2006: ajuste PERFEITO
A gênese: Aqui, o objetivo crucial era encontrar uma maneira de abraçar ainda mais os pés sem abrir mão do conforto durante toda a partida.
A tecnologia: Pela primeira vez, a parte superior da chuteira utilizava microfibra Teijin, criada para se adaptar ao formato dos pés. O enchimento aumentado na região do calcanhar aprimorou o caimento da chuteira. Somavam-se a ele o molde anatômico, projetado para altas velocidades, e uma peça de fibra de carbono, também no calcanhar, para distribuir o impacto nas arrancadas. A placa em duas peças, com travas diretamente injetadas, garantia tração e aceleração em todas as direções.
O visual: Cristiano Ronaldo usou o modelo numa ousada paleta de cores Cactus. Já o Ronaldo brasileiro comemorou seu recorde de gols em torneios com uma edição limitada da Mercurial Vapor III R9 – além de ter celebrado uma década de velocidade Mercurial com a edição do aniversário de 10 anos (lançada em 2007). Este modelo trazia, para a plataforma da Mercurial Vapor III, com sua peça de fibra de carbono, a inconfundível combinação de cores da Mercurial original.
NIKE MERCURIAL VAPOR SL 2008: UM CHOQUE DE INOVAÇÃO
A gênese: Em janeiro de 2006, quando o designer Mark Parker assumiu o cargo de CEO da Nike, ele desafiou todas as equipes a criar inovações chocantes, sem limites para o design, e convidou todos a re-imaginar o conceito de calçados de alto desempenho.
A tecnologia: A equipe da Nike Futebol reagiu imediatamente ao chamado de Parker. Eles deram uma nova carga de energia à proposta de velocidade de baixo peso da Mercurial e construíram uma silhueta feita inteiramente de fibra de carbono. O modelo pesava apenas 185 gramas. A parte superior era produzido na Itália; a placa, na Alemanha; a sola externa vinha da Coreia do Sul. A Mercurial SL era, em tudo e por tudo, o produto de um esporte global.
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