quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Mestres da Vida - aqui vai um poema para a eternidade

Charles Chaplin com cachorro
Um dos poemas mais famosos de Charles Chaplin, que nos oferece uma fabulosa lição sobre o crescimento pessoal, começa assim: “Quando me amei de verdade, eu realmente entendi que, em qualquer circunstância, diante de qualquer pessoa e situação, eu estava no lugar certo e no momento exato. Foi então que eu pude relaxar. Hoje eu sei que isso tem um nome: autoestima”.
Os historiadores nos dizem que houve um momento no mundo da arte, da ciência e da cultura em que dois nomes brilhavam acima dos outros: Charles Chaplin e Sigmund Freud. Se o primeiro tinha o rosto mais familiar e admirado, o segundo tinha a mente mais brilhante.
“Não devemos ter medo de nos confrontarmos… até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas”. – Charles Chaplin –
Tal foi a notoriedade de ambos que Hollywood passou muitos anos tentando fazer com que “o pai da psicanálise” participasse de alguma grande produção. Foi em 1925 que o diretor da MGM (Metro-Goldwyn-Mayer), Samuel Goldwyn, chamou Freud para elogiar as suas obras e publicações definindo-o como “o maior especialista do mundo em amor”. Mais tarde, pediu a sua colaboração em uma nova produção: “Marco Antônio e Cleópatra”.
Ele lhe ofereceu uma remuneração acima de cem mil dólares, mas Freud disse “não”. Diante de tantas negativas, as pessoas passaram a acreditar que ele odiava o cinema e toda a indústria cinematográfica. No entanto, em 1931, Sigmund Freud escreveu uma carta a um amigo revelando a sua profunda admiração por alguém que ele chamou de “gênio”. Alguém que na sua opinião mostrava ao mundo a transparência admirável e inspiradora do ser humano: Charles Chaplin.

Charles Chaplin e Freud

Nessa carta, Freud analisou superficialmente o que Chaplin transmitia em todos os seus filmes: alguém de origem muito humilde, alguém que viveu uma infância difícil e que, apesar de tudo, prosseguia na sua maturidade com valores muito definidos. Não importavam as dificuldades que vivia diariamente, Chaplin sempre manteve um coração humilde. Assim, apesar das adversidades e obstáculos de uma sociedade complexa e desigual, sempre resolvia os seus problemas através do amor.
Nós não sabemos se Freud estava certo ou errado na sua análise, mas era o que Chaplin nos mostrava nos seus filmes e especialmente nos seus poemas: verdadeiras lições de sabedoria e crescimento pessoal.

Charles Chaplin: o homem por trás do poema

Dizem que Charles Chaplin escreveu este poema, “Quando me amei de verdade”, quando tinha 70 anos de idade. Alguns dizem que não é da sua autoria, mas sim uma adaptação livre de um parágrafo que aparece no livro de Kim e Alison McMillen “Quando eu me amei de verdade”. Seja como for, este não é o único texto de Chaplin que utiliza argumentos tão bonitos, requintados e enriquecedores sobre o poder e o valor da nossa mente.
Na verdade, também temos o poema “Vida”, onde ele nos diz, entre outras coisas, que o mundo pertence a aqueles que se atrevem, que viver não é simplesmente passar pela vida, mas lutar, sentir, experimentar, amar com determinação. Portanto, realmente não importa se este poema é uma adaptação de outro já existente ou se saiu da mente e do coração desse gênio icônico que nos cativou com o seu jeito de caminhar, seu bigode e sua bengala.
Carlitos, aquele personagem desengonçado, um vagabundo solitário, poeta e sonhador sempre em busca de uma diversão ou uma aventura, tinha uma mente muito lúcida: um homem com ideias muito claras sobre o que queria transmitir. E o que ele nos mostrou nas suas produções integra-se perfeitamente em cada uma das palavras desse poema. Na verdade, ele contou nas suas memórias que cada uma das características que constituíam a fantasia do seu personagem tinha um significado:
  • As suas calças eram um desafio para as crenças sociais.
  • O chapéu e a bengala tentavam mostrá-lo como alguém digno.
  • O seu pequeno bigode era uma demonstração de vaidade.
  • As suas botas representavam os obstáculos que enfrentamos todos os dias no nosso caminho.

Charles Chaplin com cachorro

Charles Chaplin sempre tentou nos conscientizar através da inocência do seu personagem, nos fazer acordar para entendermos os complexos paradoxos do nosso mundo. Um lugar onde apenas nossas forças humanas e psicológicas poderiam enfrentar a insensatez, a desigualdade, a presença do mal. Algo que vimos sem dúvida em “O Grande Ditador”, em que ele nos convidava a nos conectarmos muito mais com nós mesmos e com os outros seres humanos, defendendo os nossos direitos e os direitos do nosso planeta.
Até hoje, e isso não podemos negar, o legado de Chaplin não se desfez; sempre será necessário e indispensável. Porque as lições transmitidas através da tragicomédia são aquelas que mais nos fazem pensar, e poemas como “Quando eu me amei de verdade” são presentes para o coração, convites diretos para melhorarmos como pessoas.

‘Quando me amei de verdade’, Charles Chaplin


Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância eu estava no lugar correto e no momento preciso. E então, consegui relaxar. Hoje sei que isso tem nome… Autoestima.

Quando me amei de verdade, percebi que a minha angústia e o meu sofrimento emocional não são mais que sinais de que estou agindo contra as minhas próprias verdades. Hoje sei que isso é… Autenticidade.
Quando me amei de verdade, deixei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a perceber que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje sei que isso se chama… Maturidade.
Quando me amei de verdade, compreendi por que é ofensivo forçar uma situação ou uma pessoa só para alcançar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou que a pessoa (talvez eu mesmo) não está preparada. Hoje sei que isso se chama… Respeito.
Quando me amei de verdade, me libertei de tudo que não é saudável: pessoas e situações, tudo e qualquer coisa que me empurrasse para baixo. No início a minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que isso se chama… Amor por si mesmo.

Charles Chaplin

Quando me amei de verdade, deixei de me preocupar por não ter tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os megaprojetos do futuro. Hoje faço o que acho correto, o que eu gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é… Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer ter sempre razão e, com isso, errei muito menos. Assim descobri a… Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. E isso se chama… Plenitude.
Quando me amei de verdade, compreendi que a minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando eu a coloco a serviço do meu coração, é uma aliada valiosa. E isso é… Saber viver!

fonte: amenteémaravilhosa
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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Uma questão de sobrevivência - uma fábula moderna e alarmante


Uma excelente texto sobre a visita do mestre Hipócrates a nosso tempo atual, e seu diagnóstico preocupante sobre como estamos engessados na atual conjectura urbana e precária.

o texto é uma passagem do livro - Lugar de médico é na cozinha do Dr. Alberto Peribanez

Hipócrates no Rio de Janeiro
Em pleno século XXI, apareceu no Rio de Janeiro, vindo por um túnel do tempo, Hipócrates, o eminente médico da Grécia antiga, que viveu e atuou por volta de 400 a.C. e é considerado o pai da medicina ocidental. Representantes da classe médica levaram-no, cheios de orgulho, para conhecer os sofisticados equipamentos diagnósticos, os modernos centros cirúrgicos, as UTIs e unidades
coronarianas disponíveis para uma parcela empregada da população com acesso a planos de saúde. Mostraram-lhe os modernos centros de pesquisa, nos quais novas drogas e vacinas são descobertas usando tecnologia de ponta.
Ao passear de automóvel pela cidade, o velho mestre percebeu enormes engarrafamentos com emissão de poluentes atmosféricos e pessoas apinhadas em ônibus. Pela janela, viu rios e praias poluídos, casas e edifícios sendo construídos a custo do resto de natureza que ainda resiste, lixo e esgoto jogados nos cursos d'água e lagoas. Pediu que o conduzissem ao centro da cidade e, ao descer do carro, caminhou entre centenas de pessoas observando seu flagrante estado de tensão. Pediu acesso a hospitais públicos e viu, consternado, que a maior parte da população sofre em filas de hospitais completamente sucateados, aguardando por um atendimento curto e superficial. Pediu que o levassem a um local em que pudesse comprar alimentos. Perplexo, passeou por entre as prateleiras de um supermercado observando atentamente as embalagens contendo alimentos inanimados, enlatados, embutidos, e verduras e frutas que pareciam ser de borracha. Parou para ver
pessoas empanturrando-se em lanchonetes, com toda espécie de guloseimas fritas, refrigerantes e doces artificiais.
Solicitou, então, um tradutor e pediu um encontro científico. O Maracanãzinho, lotado de médicos, ficou pequeno para receber o ilustre médico grego. Os apresentadores mostraram os índices de saúde de nosso país: mortalidade infantil por doenças infecciosas, cardiovasculares, pulmonares e câncer, entre outras.
Descreveram o surgimento de novas síndromes neurológicas e genéticas, os acidentes de trânsito e o consumo de drogas entre os jovens. Apresentaram todas as novas abordagens cirúrgicas e medicamentosas. Representantes de planos de saúde – que patrocinaram o evento – apresentaram estatísticas de cobertura de
assistência médica para indivíduos e empresas, traslado de pacientes e acesso a novos equipamentos.
Ao final de todas as palestras, uma enorme expectativa se formou. Um foco de luz iluminava a cabeça branca do grande mestre, que pediu a palavra, deu um peteleco no microfone e perguntou, em bom grego:
“Eu gostaria de saber se algum dos colegas presentes neste grande anfiteatro foi capaz de ler Ares, águas e lugares, um dos livros mais significativos do extenso tratado Corpus Hippocraticum, que escrevi com colaboradores há 2.400 anos. ”
Silêncio sepulcral. Ouvia-se um zunzunzum desconfortável. O mestre seguiu com a palavra:
“Esse livro resume a antítese de tudo o que pude ver em seu mundo moderno. Representa o que hoje vocês chamam de 'ecologia humana'. Nele mostramos em detalhes como o bem-estar dos indivíduos é profundamente influenciado por fatores ambientais –a qualidade do ar, da água e dos alimentos, a topografia da terra e os hábitos gerais de vida. Enfatizamos a correlação entre mudanças nesses fatores e o aparecimento de doenças. Vocês têm números assustadores de doenças e ainda surgem novas enfermidades. Não percebem a relação disso com a degradação ambiental e o uso de alimentos sem vitalidade? Eu sugeriria que os 'planos de saúde' passassem a chamar-se 'planos de doença', denominação mais
adequada. Em 2.400 anos, a promoção da saúde ainda engatinha. Conclamo a classe médica aqui presente a uma nova revolução científica: a da prevenção consciente das doenças pelo restabelecimento das conexões do homem com a natureza, para que possam surgir os verdadeiros 'planos de saúde'. ” O silêncio respeitoso deu lugar a aplausos ensurdecedores. Deixando o imenso
palco sob ovação, o velho mestre, já um pouco transparente, pediu que “o levassem à acrópole ” (o ponto mais alto da cidade). No Corcovado, viveu seu último minuto nos tempos atuais. Hipócrates contemplou a cidade maravilhosa, fitou a gigantesca imagem do Cristo e desapareceu na névoa sem deixar vestígios.
A alegoria com o querido mestre grego nos introduz a novos ramos da medicina moderna, tão científicos como a microbiologia, a imunologia, a fisiologia, a bioquímica e a genética, até mesmo por integrar todos esses ramos do conhecimento, entre si e com o meio ambiente: a probiótica, que significa a favor da vida, e a nutracêutica, que envolve o tratamento e a cura de doenças
pelos alimentos. 

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