sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Especial - A mentalidade do dragão parte final




Bruce nunca se absteve da prática de exercícios. Amigos testemunham que jamais o viram el lazer; estava sempre fazendo algo, trabalhando alguma parte do corpo, buscando métodos de treinamento cada vez mais sofisticados e exaustivos. Mesmo conversando, jantando ou vendo TV, ele estava se exercitando, pressionando uma das mãos contra a beira da mesa ou flexionando os músculos da coxa. Linda Lee, sua esposa, conta quão freqüentemente o encontrava com um livro numa das mãos, lendo … e um haltere na outra ! Mesmo estudando estava exercitando algum músculo. Conta como, muitas vezes, ele interrompia de repente a mais interessante conversa para rabiscar um novo tipo de exercício que houvesse cruzado sua mente. 

James Coburn relata que, em certa ocasião, viajando num vôo com Lee, este alternadamente socava um coxim com um e outro punho. Depois de certo tempo, Coburn já irritado queixou-se … - “Sinto muito, exclamou Lee, mas tenho que me manter em forma”. 




De todos os exercícios “naturais”, isto é, os que não requerem equipamento ou técnica especial, que Lee empregava provavelmente os mais exaustivos eram os exercícios isométricos. Exercício isométrico é todo aquele através do qual os músculos são trabalhados por se oporem contra um objeto imóvel - como uma parede. Lee ficava uma hora empurrando um gradil como o dorso mão ! 

Para se ter uma idéia de quanta tensão isso pode causar nos músculos do braço, tente ficar em frente a uma parede, com o corpo perfeitamente ereto e empurre-a com o dorso das mãos. Mantenha-se assim durante uns três ou quatro minutos. 

Depois recue um passo e deixe os braços caírem, soltos … eles se movimentarão para cima sozinhos. Agora tente fazer isso durante uma hora !

Lee usava exercícios isométricos para desenvolver muitos músculos de seu corpo. Um meio efetivo de fazer pressão em tantos músculos quanto possível, num único exercício, era o uso que fazia da barra isométrica que ele mesmo aperfeiçoou em seu ginásio. Era uma barra de metal acolchoada no meio, que podia ser colocada em qualquer altura entre duas peças verticais de sua armação. Colocada usualmente na altura exata do ombro, Lee ficava sob ela, tendo os ombros e o dorso do pescoço contra a parte acolchoada e então a empurrava para cima. Assim, os músculos da panturrilha, coxa e estômago eram trabalhados. E colocando as mãos nos lados da parte acolchoada, sempre empurrando a barra para cima, os músculos dos braços também eram trabalhados. 

Lee se referia às suas mãos e pés, braços e pernas como instrumentos do ofício e conseqüentemente faria de tudo para mantê-los afiados dentro de primorosa forma. 

Bruce usava muito a bicicleta ergométrica para desenvolver resistência cardiovascular e o poder de suas fabulosas pernas, pedalando a toda velocidade uns 60 Km por hora durante 45 minutos. 

Pulava corda com um ou dois pés, alternando-os, ou sobre um pé mantendo o outro à frente, aumentando o ritmo até alcançar um “tempo” realmente veloz. Procurava minimizar os movimentos de braços, levantando os pés do chão apenas o suficiente para passar a corda e não mais. Para os principiantes recomendava pular 3 minutos seguidos, descansar 1 minuto e assim sucessivamente. Porém Bruce pulava de forma contínua (sem pausa) durante 30 minutos. 

Outro exercício a que Bruce se entregava era a prática de impacto com a “Medicine-ball”. Um companheiro lançava com força a bola (do tamanho de uma bola de futebol) contra a zona abdominal de Lee, estando este em pé ou deitado. 

Os golpes produzidos pela força do lançamento iam aumentando até causar impactos verdadeiramente consideráveis. Essa prática durava em média 20 minutos e foi, em grande parte, responsável pelo assombroso desenvolvimento de sua parede abdominal. O abdome, por ser a delicada zona de união entre o tronco e as pernas deve funcionar com precisão e potência em uníssono com os membros superiores e inferiores para a aplicação correta de qualquer técnica. Tem de possuir paredes fortes e flexíveis para absorver qualquer impacto de golpe do adversário numa zona vital sem proteção óssea e cuja defesa se reduz a uma poderosa parede muscular. Flexões abdominais também auxiliam muito nesse desenvolvimento muscular. 

Bruce fazia ainda exercícios de elevação de tronco em mesa inclinada (5 a 8 séries de 50 repetições) e elevação de pernas em ponte. Elevação de pernas sobre barra fixa, envolvendo ou não a sola do pé com a mão. Praticava saltos com abertura de pernas, tocando os dedos do pé com as pontas dos dedos da mão em pleno ar. Saltos mantendo nas mãos pesos (halteres) entre 5 e 15 Kg. 

O peso utilizado era em função do número de repetições (saltos) da sessão de treinamento. O uso do trampolim em certos saltos ajudava-o a desenvolver a elasticidade e a flexibilidade. Para trabalhar os músculos dorsais, Bruce não se preocupava com pesos máximos, porém usava cargas mais que consideráveis em séries velocíssimas e quase sem descanso (4 a 5 séries de 20 repetições com 5 segundos de descanso entre uma e outra série). Não há dados exatos sobre os pesos que Bruce utilizava porque simplesmente Bruce jamais os levou em conta. A única coisa que importava era a sensação de trabalhar contra resistências que o faziam esforçar-se. Não obstante, alguns companheiros que tiveram o privilégio de trabalhar com ele asseguram que chegou a usar até 80 ou mesmo90 Kg (embora sua média fosse 50 Kg) em grande velocidade. 

Mover tais pesos na velocidade em que os movia era uma verdadeira façanha. 

Mas para Lee era apenas um complemento de sua arte. Seus fabulosos antebraços (duros como pedra e capazes de aparar o golpe mais violento sem receber dano) e seus poderosos ombros eram trabalhados duramente no levantamento de pesos longos com um braço de cada vez, prática dificílima devido à dificuldade de equilíbrio e à longitude do instrumento usado (barra longa de levantamento terra com pesos nas pontas). 

Usava, ainda, um haltere curto, sem o peso na extremidade que servia de “cabo” para segurar (o outro peso era mantido, dando ao haltere forma de marreta). 

Lee girava-o para trás e para frente e em círculos sem mover o braço, isto é, com tosão apenas do pulso. Para exercitar os antebraços suportava pesos durante o maior tempo possível com os braços estendidos (na altura do peito). 

Exercitava ainda os antebraços no aparato isométrico, realizando bloqueios específicos contra o mesmo que era especialmente desenhado para este fim. 

Bruce costumava criar, ele próprio, a maior parte de seus equipamentos (os que adquiria eram sempre modificados, aperfeiçoados e melhorados para atender às suas necessidades) e procurava torná-los o mais “realista” quanto fosse possível, de modo com que “reagissem” a ele em diferentes ângulos, obrigando-o a mudar, mover-se, estar alerta e ativo ! 

Stirling Silliphant lembra que Bruce tinha um aparelho para estiramento de pernas: - “Você colocava a perna num laço e uma carretilha puxava uma corda estirando sua perna além do limite da resistência humana. Não é à toa que falam tanto sobre tortura chinesa ! eu costumava dizer a Bruce. 

Bruce tinha também em sua garagem um saco gigantesco medindo 5 pés (1 metro e 65 cm) de largura por 8 pés (2 metros e 65 cm) de altura. Esse saco ocupava metade do espaço da garagem ! Absorvia poder e força extra como nenhuma outra coisa no mundo o faria ! Era duro fazê-lo mover-se, era como chutar um tronco de árvore … e pensar que Bruce podia enviá-lo voando com o seu melhor chute ! 

Bruce sempre enfatizou, entretanto, que o melhor equipamento não pode simular condições de combate real, por isso insistia em usar um parceiro sempre que possível. Mas com referência aos exercícios que usava, ele insistia: “Um exercício tem que ser funcional. Tem que ser o mais próximo possível da realidade!” 

O chute de Lee era tão funcional que os chineses apelidaram-no “O homem de três pernas” (por poder chutar direita-esquerda-direita consecutivamente num só chute) Lee desenvolveu a potência e incrível rapidez de seu chute através de, entre outras coisas, cuidadoso uso do “gym cycle”, do estirador de pernas e da barra alta. Quando os músculos estavam desenvolvidos, já prontos, ele treinava chutando árvores. Sim, árvores … não novas e finas, mas frondosas, de tronco firme como colunas de concreto. 

Rotina de Abdominais 

De todas as partes do corpo que Bruce Lee desenvolveu, os seus músculos abdominais eram os mais espetaculares: pedra sólida ao toque, profundamente cortados e altamente definidos. Bruce acreditava que os abdominais eram um dos mais importantes grupos musculares para um artista marcial já que virtualmente todo movimento requer algum grau de trabalho abdominal. 

Talvez mais importante, os “abs” são como uma concha, protegendo as costelas e órgãos vitais. Lee era mais que um mero fanático por fitness; ele era um extremista, sempre à procura de novos modos para levar o seu corpo ao limite, afinando-o constantemente e ao mesmo tempo esforçando-se para alcançar o máximo de eficiência. 

Ele sentia que a muitos artistas marciais dos dias dele faltava a aptidão física necessária para os/as apoiar nas suas habilidades. 

No seu livro “O Tao do Jeet Kune Do”, ele escreveu “Treino é uma das fases mais negligenciadas dos atletas. Muito tempo é dedicado ao desenvolvimento da habilidade, e muito pouco, ao desenvolvimento do indivíduo para a sua participação.” 

O dono da revista Black Belt Mito Uyehara recorda que “Bruce sempre sentiu que se o teu estômago não fosse desenvolvido, então tu não deverias fazer sparring duro.” A esposa de Lee, Linda Lee Cadwell, reivindica que o seu falecido marido “era um fanático acerca do treino de abs. Ele estava sempre a fazer sit-ups, crunches, movimentos de cadeira romanos, elevações de perna, e V-ups.”

De acordo com algumas notas iniciais de Lee, o seu treino diário abdominal incluiu: 
  • Torção de Cintura - quatro séries de 90 repetições. 
  • Sentar para cima (sit-ups) com torções - quatro séries de 20 repetições. 
  • Elevações de perna - quatro séries de 20 repetições. 
  • Torções inclinadas - quatro séries de 50 repetições. 
  • Pontapés em posição de rã - quatro séries de 50 repetições. Lee desenvolveu esta rotina mais adiante, somando séries adicionais de sit-ups, inclinações laterais, elevações de perna, “bandeiras”, torções, e inclinações atrás, ao seu regime de treino abdominal. 
  • O exercício “bandeira” era uma técnica particularmente difícil que Lee destinou para trabalhar os abdominais: deitado num banco, ele agarrava barras fixas com as mãos e, elevava-se, suportado apenas pelos seus ombros. 
  • Então, com os joelhos fechados, pernas esticadas e a parte de baixo das costas elevadas do banco, ele executava elevações de pernas. 

Bolo Yeung, o co-estrela de Lee em Operação Dragão, lembra-se de ver o amigo executar este exercício só com as lâminas dos ombros descansando no fim do banco, e com as pernas e torso suspensos horizontalmente. “Ele conseguia manter-se perfeitamente horizontal em pleno ar!” nota Yeung. 

Claro que, o seu estômago de tábua de lavar roupa não veio de mero treino abdominal; Lee também era um zeloso proponente de condicionamento cardiovascular e regularmente corria, saltava à corda, pedalava uma bicicleta ergométrica. 

Uma típica corrida de Lee cobria uma distância de duas a seis milhas e era realizada em 15 a 45 minutos. De acordo com o seu amigo e ator Bob Wall da mesma categoria, “o Bruce era quase um corredor de cinco-milhas, mas Bruce também era um desses sujeitos que eu desafiei para além de si mesmo. Ele corria para trás, ele corria sprints rápidos onde outro correria uma milha, caminharia outra milha, correria outra milha….” 

Lee alternava correr com andar de bicicleta ergométrica, a qual, de acordo com Uyehara, ele pedalava durante 45 minutos (aproximadamente 10 milhas). 

Um aluno de Lee, Herb Jackson, lembra-se de outro método não menos ortodoxo que Lee usava para aumentar a sua definição de músculo. De acordo com Jackson, Lee usaria um tipo de cinto sudatório ao andar na sua bicicleta estacionária porque ele acreditava que o cinto focalizava o calor nos seus músculos abdominais e ajudava a reduzir gordura. 

Outro elemento na procura de Lee para definição abdominal era nutrição. De acordo com Linda Lee Cadwell, pouco depois dele se mudar para os Estados Unidos, Bruce começou a levar a nutrição seriamente e desenvolveu um interesse em comidas de saúde e bebidas de altas proteínas. “Várias vezes por dia, ele tomava uma bebida de altas proteínas composta de leite em pó, água de gelo, ovos, cascas de ovo, bananas, óleo vegetal, farinha de amendoim e sorvete de chocolate,” recorda Linda, que afirma que a cintura de Bruce flutuou entre as 26 e 28 polegadas. 

“Ele também bebia as suas próprias misturas de suco, feitas de legumes e frutas, maçãs, aipo, cenouras e assim por diante, preparadas num liquidificador elétrico.” Lee comia carne magra racionadamente e consumia grandes quantidades de frutas e legumes. Em anos posteriores, ele tornou-se muito educado sobre suplementos de vitamina, e cada dia aportava-lhe exatamente a cota certa de vitaminas A, B,C,D e E. 

Nunchaku
No filme "O Jogo da Morte" Bruce Lee e Dan Inosanto usam 3 armas na seqüência em que trabalham juntos. Primeiramente Inosanto usa dois bastões - chamados de "Kali" nas Filipinas - e Bruce uma vara flexível: o bambu chinês. Desarmado, Inosanto apanha o nunchaku. Bruce joga de lado o bambu e também apanha o nunchaku. Inicia-se então um duelo até a morte; uma cena incrivelmente envolvente, precisa e de difícil execução. 

Bruce, conforme suas próprias teorias, não se restringe ao simples uso dos bastões mas também de seus membros como arma de ataque, em perfeita harmonia, como se o nunchaku e seu próprio corpo fossem um único ser. "Totalidade" era o ponto chave do método de Bruce, no intuito de mostrar que a arte marcial pode e deve progredir continuamente, alcançando níveis sempre melhores e mais eficientes do que os ditados pela tradição. 
Inosanto descreve sua sensação ao filmar com Bruce as cenas do duelo como se sentisse "borboletas no estômago": ele sempre receava cometer algum erro mas Bruce, como diretor, roteirista, coreógrafo, produtor e ator, era uma inspiração para quem trabalhasse com ele. Seu modo de fazer filmes era como seu modo de lutar: ele simplesmente o fazia! As lutas, como a maior parte do filme, estavam claramente delineadas em sua mente. Os detalhes era trabalhados durante os ensaios e repetições, às vezes durante as próprias filmagens, sempre que a inspiração surgisse. Se funcionasse, era feito. 
Comumente o uso de nunchakus no cinema é filmado de maneira a acelerar o processo para dar a impressão de maior habilidade e agilidade por parte do praticante. No caso de Bruce, porém, usava-se o processo inverso: a câmera tinha de ser ajustada de tal maneira que o espectador pudesse ver seu desempenho de maneira mais lenta para poder perceber alguma coisa, caso contrário toda a imagem seria um borrão, sem condições de ver ou apreciar nada! Para que Bruce pudesse ver o resultado final, a cena era reproduzida em videotape sob vários ângulos, a fim de corrigir as tomadas. 

Nessas ocasiões Bruce mostrava aos atores, particularmente a Dan Inosanto, a diferença entre o que era bom para um filme e o que era bom para um combate real. Por isso, tinha de repetir e repetir até chegar ao ponto certo. Ele desenvolvia uma técnica que chamava de put-out e take-in, ambas para intensificar o efeito dramático. Depois de uma série de golpes distintos, se os atores continuassem a lutar ferozmente a audiência não teria tempo de absorver o sabor da ação. Isso ajuda a desenvolver uma atmosfera própria e a plateia tem uma chance de "descansar" mentalmente por instantes para depois continuar a observar a ação. Tais quebras e paradas, obviamente, não existem num confronto real. 

Sem mencionar que um confronto real com esse tipo da arma, nas mãos de mestres como Bruce e Inosanto, seria decidido em segundos - ou frações de segundos - provavelmente num primeiro e único golpe. O manejo tanto de um quanto de dois nunchakus simultaneamente nas mãos de Bruce era uma demonstração não apenas de potência e velocidade mas principalmente de coordenação, ritmo, precisão, reflexos imediatos, jogo de pernas, cálculo de visão e um soberbo sentido de equilíbrio. Seu controle sobre a arma se devia em parte ao treinamento intensivo que desenvolveu praticamente sozinho, buscando descobrir suas potencialidades e aplicações práticas e em parte ao elevado grau que atingira em expressar as artes marciais com seu próprio corpo, particularmente no poder que possuía nos dedos, que lhe proporcionava maior precisão e potência ao agarrar e manejar a arma. 

Isso vem reforçar a idéia de Bruce de que "não importa que armas ou instrumentos você tenha ao seu dispor se não tiver desenvolvido condições em si mesmo para usá-las correta e eficientemente". Muitos afirmaram que Inosanto foi o instrutor de nunchaku de Bruce; quando indagado sobre a questão, foi categórico em afirmar que seu manejo da arma apenas inspirou e motivou Bruce a desenvolver suas técnicas e que em 3 meses a perícia do Dragão ultrapassou a sua. Inosanto afirmou ainda que não chegava a ter um décimo da velocidade de Bruce, ainda que em publicações especializadas conste que o filipino podia deslocar seu nunchaku da mão esquerda para a direita 3 a 4 vezes no espaço de um segundo. 

De acordo com a revista inglesa "Kung Fu Monthly" foi realizado um estudo técnico da cena de nunchaku do filme "Operação Dragão", assinalando que levava apenas 2 fotogramas para a ponta do bastão dar uma volta completa. A vinte e cinco quadros por segundo e cerca de nove pés (275 cm), concluímos que Bruce conseguia fazer seus bastões girarem a cerca de 70 milhas por hora (aprox. 112 km/hora)! Acrescente-se a isso que Lee era um mestre em coreografia, daí o êxito ímpar de seus filmes e sua condição de artista insubstituível. 
  • Extraído do livro "Nunchaku: A Arma Mortal do Kung Fu", de Marco Natali. 
Editora Ediouro-Tecnoprint 1984

Um outro detalhe curioso, desta vez visto em um documentário: Bruce gostava de treinar com vários tipos de nunchaku, feitos de materiais diferentes; há rumores inclusive de que possuia um confeccionado por ele mesmo a partir uma barra de metal cromado (dessas utilizadas para exercícios com pesos). Já pensaram na hipótese de ter 2 bastões de ferro, cada qual com 2 kg, passando a 112 km/hora perto da sua cabeça? Só mesmo um mestre do porte de Lee poderia se dar a essa extravagância! 

A Morte de Bruce Lee 
A Verdadeira Morte de Bruce Lee 

Exatamente no dia 10 de maio de 1973, Bruce já havia tido um edema cerebral. Estava dublando "Enter The Dragon" (Operação Dragão) - a maioria dos filmes de Kung Fu não eram realizadas em som direto - quando teve um ataque e desmaiou. Ficou mais ou menos 3 horas desacordado no Hospital Batista, atendido pelos doutores Charles Langfod (Médico intensivista), Peter Woo (neurocirurgião) e mais três médicos. Os testes revelaram alguma coisa errada com seu cérebro e foi aplicada uma dose de manitol endovenoso. Bruce foi transferido para o Hospital Saint Teresa, onde se recuperou. Tudo isso aconteceu em Hong Kong. Poucas semanas depois,submetido a um exame físico rigoroso em Los Angeles (EUA), cinco especialistas - entre eles o Dr. David Reisbord, chefe da Clínica Médica do Memorial Hospital - foram categóricos em dizer que Bruce Lee estava com uma saúde de leão. Ou melhor dizendo,de dragão. Nesse meio tempo, um seguro de vida estava sendo expedido pela Warner, que planejava torná-lo um astro. 

Dia 20 de julho de 1973, mais de 21:00. Raymond Chow chega ao apartamento de Bruce para juntos irem jantar com George Lazenby. Aparentemente Bruce está dormindo. Chow tenta acordá-lo e não consegue. Um médico é chamado às pressas e o removem para o Hospital Queen Elizabeth, onde morre. Como? O que aconteceu? Raymond Chow está atônito. Naquela tarde estivera no apartamento,juntamente com a atriz Betty Ting Pei, para tratar os detalhes da participação da mesma no filme "Game Of Death". k

O Sr. Chow saiu e eu fiquei. Bruce sentia dor de cabeça e eu lhe dei uma aspirina, chamada "Equagesic". Ele foi se deitar. - declarou Betty Ting Pei. 

Foram feitas duas necrópsias, uma em Hong Kong e outra em Londres. O exame do Dr. Ira Frank, catedrático da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia, como também o do Dr. R.D. Teare, catedrático de Medicina Forense da Universidade de Londres, aponta como causa mortis uma hipersensibilidade aos meprobamatos (aspirina). 

Segundo esses médicos, trata-se de uma reação anafilática de efeito retardado e cumulativo, ou seja, aquela em que o indivíduo é exposto ao fator desencadeante durante um período longo e que se manifesta de maneira súbita e devastadora. 


  • Extraído do livro "O Kung Fu de Bruce Lee". Editora Nova Fronteira, 1998. 

Conclusão: 

Amostras de tecido foram examinadas por médicos em Hong Kong, Austrália e Nova Zelândia. Dr. Lycette em Hong Kong disse que não havia lesões visíveis no crânio de Bruce. Nenhum dos vasos no cérebro foi bloqueado ou rompido apesar dele ter sofrido um edema cerebral ou inchaço no cérebro. Dr. Tier, professor de medicina forense da Universidade de Londres e um especialista que realizou mais de 90 mil autópsias foi levado pra examinar o corpo. Ele acreditou que a única causa de morte possível, era hipersensibilidade ao Equagesic. 

Observação: 

Como todo analgésico pra dor de cabeça, contém suas indicações, como também suas contra-indicações e neste caso devia conter: Não deve ser utilizado por pacientes com hipersensibilidade aos componentes (ingredientes) da fórmula. E com certeza, Betty Ting Pei, ao ter dado o analgésico ao Bruce, não deve ter consultado a bula antes, ou até mesmo não esperava que ele tivesse hipersensibilidade à algum dos ingredientes da fórmula desse analgésico. É um caso de morte raríssimo, mas possível e com um simples descuido, pode tirar a vida de alguém. Por isso sempre que formos fornecer algum remédio, devemos consultar um médico confiável e consultar a bula, vendo as contra-indicações, quem pode e quem não deve utilizar.

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