sexta-feira, 21 de março de 2014

Sujeito fractal e o desejo de ser amado



O Pensador francês Jean Baudrillard, em 1990, muito antes da internet e dessa dependência tecnológica ganhar á proporção que é hoje, criou o termo “sujeito fractal” para designar esse sujeito ansioso em representar ou performar sua intimidade para os outros. Para o “sujeito fractal” é necessário, quase vital, expor sua vida, mostrar o que tem, o que vive, o que faz, o que pensa de uma forma intensa e dependente. Essa aparência narcísica de um ego gigante e fora do normal esconde o vazio da própria subjetividade, sendo apenas um fragmento, infinitamente reproduzido, do padrão do todo.

Os escravos tecnológicos vivem presos aos seus aparelhos como extensões dos seus corpos, muitos não os abandona nem quando vão ao banheiro, ou quando dirigem ou quando dormem. Alguns destes escravos vivem presos as suas senhas, pois precisam esconder dos outros a pobreza da sua vida, das fugazes relações ou mesmos suas mentiras sinceras. Suas vidas e histórias estão dentro de uma caixa de fios, metais e chips. O impacto da falsa privacidade e da escravidão consentida faz até que estes dependentes tecnológicos precisem mudar seus comportamentos e atitudes, um exemplo é a necessidade de esconder a tela do seu aparelho, colocando-os de face virada para baixo sobre as mesas para outros não vejam suas mensagens.

Não há dúvida que o mundo é muito melhor e que houve avanços na qualidade da vida, mas também é uma certeza que distorções têm acontecido e a mesma tecnologia que pode salvar, e fazer o bem, pode fazer o mal e destruir vida, relações e saúde.
Nas mesas dos bares e restaurantes, nas salas das casas, nos pátios das escolas, nas camas dos casais, em quase todos os lugares, vemos pessoas abdicando da presença física da sua companhia e ficam ligadas aos seus aparelhos. Colocando as boas normas e as boas práticas da educação de lado, o digitador compulsivo vive um mundo que descarta as relações, tornando-as superficiais, frouxas e cada vez mais, vazias de sentido.

É preciso aprendermos a usar melhor toda tecnologia que está disponível, de uma forma que engrandeça e faça a humanidade evoluir, sem haver retrocessos em aspectos fundamentais da vida humana. Como diz o Ken Wilber, “é preciso evoluir incluindo”, não destruindo e agravando os problemas que lutamos para superar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário