Somos uma sociedade materialista, temos obsessão pela concretude e
permanência, aversão ao que desaparece. Queremos possuir a beleza a
qualquer custo, por isso incomoda tanto ver belas imagens, cada uma
delas poderia ser impressa, gravada e pendurada em uma parede (valeria
uma fortuna), sendo belamente destruídas por uma próxima que também
sumirá. A cena filmada, registro fugaz da beleza que se construiu, não é
capaz de aplacar o incômodo que dá ver todas as imagens destruídas. Mas
esse tipo de obra traz uma nova reflexão sobre o fazer artístico que,
em si, já guarda uma beleza que sempre se perde. Podemos possuir um
Renoir, mas nunca o momento em que cada pincelada foi dada na tela,
estas se perderam no tempo. Mikhail Sadovnikov faz o contrário. Não
deixa obras, mas o registro de seu processo de composição. Impossível
não ficar hipnotizado pela ilusão de ótica mágica criada por seus dedos
contra a areia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário