sexta-feira, 28 de março de 2014

Ilusão de ótica mágica de Mkhail Sadovnikov


Somos uma sociedade materialista, temos obsessão pela concretude e permanência, aversão ao que desaparece. Queremos possuir a beleza a qualquer custo, por isso incomoda tanto ver belas imagens, cada uma delas poderia ser impressa, gravada e pendurada em uma parede (valeria uma fortuna), sendo belamente destruídas por uma próxima que também sumirá. A cena filmada, registro fugaz da beleza que se construiu, não é capaz de aplacar o incômodo que dá ver todas as imagens destruídas. Mas esse tipo de obra traz uma nova reflexão sobre o fazer artístico que, em si, já guarda uma beleza que sempre se perde. Podemos possuir um Renoir, mas nunca o momento em que cada pincelada foi dada na tela, estas se perderam no tempo. Mikhail Sadovnikov faz o contrário. Não deixa obras, mas o registro de seu processo de composição. Impossível não ficar hipnotizado pela ilusão de ótica mágica criada por seus dedos contra a areia.

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