segunda-feira, 24 de julho de 2017

Mulheres fúteis...reflexos de uma país miserável

 fonte: angustiaetica


Estou constatando uma situação muito desesperadora: as mulheres estão cada vez mais fúteis. Elas estão cada vez mais obcecadas por estética, consumistas, valorizando coisas (e pessoas) superficiais e vazias, e seguindo modismos sem crítica nenhuma. Fico espantada de ver como a maioria delas está absolutamente igual: pintando o cabelo de loiro (quase sempre “estilo canetinha”, uma espécie de luzes sobre a qual discursei no meu texto chamado “A culpa é da Anastácia”), estão sempre de dieta, usando as mesmas roupas e com peito de plástico, é, quer dizer, silicone (ou sonhando em pôr).




A beleza é a maior virtude e a maior fonte de aceitação social para elas. Para alcançá-la, elas fazem qualquer coisa: passam fome para não engordar, gastam horas no centro de estética fazendo drenagem linfática ou algo do tipo, gastam rios de dinheiro no salão de beleza todo mês, saem de casa parecendo a Emília do Sítio do Pica-Pau Amarelo de tanta maquiagem, chegam em casa com o pé moído de ter andado de salto alto o dia todo (mas não cogitam em hipótese alguma deixar de usar alto, afinal, o que importa é estar bonita, por mais que você esteja morrendo de dor), chegam na faculdade às 19h e ainda vão retocar a maquiagem, passam horas na academia malhando pra ficar com o corpinho padronizado que a mídia impõe que as mulheres devem ter.

Muitas querem ter sua independência financeira, querem trabalhar, mas juntam o primeiro dinheiro que começam a ganhar profissionalmente pra pagar a cirurgia plástica com a qual sonham desde os 14 anos. Muitas querem se estabelecer profissionalmente, mas acham que o homem deve ter, no mínimo, a mesma condição financeira que elas. (“Deus o livre” estar com um cara que ganha menos do que elas.)




Muitas acreditam ser modernas e politicamente corretas, acreditando que o casal deve dividir a conta dos lugares que freqüentam, mas acham um absurdo ter que dividir o motel ou ter que dividir a conta no primeiro encontro. Outras tantas acham um absurdo ter que dividir a conta em qualquer circunstância: acham que o namorado tem que pagar tudo, ou pelo menos sonham com como seria delicioso ter um relacionamento assim (“Já que eu gastei tanto tempo e dinheiro no salão de beleza, o cara não faz mais do que obrigação por pagar o restaurante”, elas devem pensar). Muitas têm seu próprio carro (porque ganharam dos pais ou porque conquistaram com seu próprio dinheiro), mas acham um absurdo ter que deixar o cara em casa; acreditam piamente que o homem tem o dever de ser o motorista particular delas. Revezar as caronas - ou seja, às vezes o cara as pega e as deixa em casa para eles saírem, e, outras vezes, ela pega e deixa o cara em casa com o carro dela – é, para elas, coisa de homem folgado.




O namorado é sempre o motorista oficial, até quando eles estão usando o carro dela. Ela só dirige quando está com as amigas, e nesses momentos se divide entre prestar atenção no trânsito, passar rímel e cantar junto com a Ivete Sangalo seu mais novo sucesso das rádios.
Elas só freqüentam bares em que toca o estilo de música que está na moda no momento. Ouvem sertanejo, música eletrônica, Rihanna, etc. Enfim, qualquer coisa que esteja na moda. Em outras épocas, quando tais cantores e tais estilos musicais não tocavam nas rádios, elas ouviam o que estava na moda na época. Adoram sertanejo, mas é claro que na época em que isso era música de diarista elas nem passavam perto desse estilo. O que importa é ouvir o que toca na MTV e nas rádios; qualquer coisa diferente disso, nem chega ao restrito conhecimento musical delas.



Só se interessam por homens que fazem o estilo “galã de novela das 8”. Mas não basta ser o Ken (afinal, elas são a Barbie), tem que ter carro. E o carro deles deve ser, no mínimo, do mesmo padrão que o delas. Se eles tiverem um Audi A3, um Honda Civic (branco!) ou um Vectra Hatch, pronto, elas gamam. Se ela tem um Renault Sandero e você um Gol 1998, pode esquecer.


As mulheres fúteis não têm posicionamento crítico sobre nada. Discordar de algo é quase improvável. Na roda de amigas, todas com roupa de academia e tênis Nike Shox, elas só concordam com tudo e respondem a seguinte frase pra qualquer que tenha sido o comentário: “ai amigaaa, se vai te fazer feliz, faça mesmooo!”.


Minha estratégia para propiciar alguma mudança nesse quadro é fazer um apelo aos homens. É claro, entretanto, que existem homens igualmente fúteis e que gostam de mulheres assim. Para esses, meu apelo seria em vão. Dirijo-me, portanto, aos outros homens – e sei que há muitos deles - que não simpatizam com a futilidade de certas mulheres e sofrem, de alguma forma, com isso. A esses, sugiro: rejeitem o comportamento fútil de suas namoradas, irmãs, amigas! Exijam autenticidade por parte delas, vocês têm liberdade de dizer que acham ridícula aquela bota com salto de travesti (o salto parece um casco) que elas usam só porque está todo mundo usando. Vocês não precisam ficar horas ouvindo reclamações de quantos quilinhos a mais elas ganharam e de quais exercícios elas tiveram que fazer na academia para queimá-los. Vocês não precisam entrar no mar sozinhos só porque sua namorada não quer perder um minuto de exposição ao sol; mostre a ela o quanto é bom nadar e que não voltar bronzeada da praia não é pecado. Vocês não precisam ser os únicos a ter que gastar o carro e a gasolina; ela também pode te buscar e te deixar em casa. Vocês não devem pagar por tudo; se a guria não gostou que você sugeriu a divisão da conta, parta pra outra, ela está mais interessada em sua conta bancária do que em você. Não tire seu CD do Deep Purple pra ela ouvir Cláudia Leite. Não se privem de ir à pizzaria quando tem vontade e arrastem sua namorada junto, mostre a ela que é absurdo deixar de comer uma pizza deliciosa pra comer salada.
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sexta-feira, 14 de julho de 2017

Dicas do Capitão - um filme libertador e revigorante - Capitão Fantástico

 fonte: Oglobo
NOVA YORK — A aparente pista falsa do título é proposital, avisa o diretor Matt Ross. Num cenário dominado por filmes de super-heróis, a comédia dramática “Capitão Fantástico”, que chega hoje aos cinemas, não tem nada de “Batman” ou “Homem de Ferro”. O indie é centrado na história de Ben (Viggo Mortensen), que passou uma década com seus rebentos no mato, decidido a colocar em prática ideais de comunhão com a natureza, exuberância atlética e desenvolvimento intelectual. O tom lembra o de “Pequena Miss Sunshine”, e o resultado é tão comovente quanto angustiante.
Os seis filhos sabem de cor a Constituição americana, só comem o que plantam e caçam, discutem a obra de Noam Chomsky e têm ritmo musical apuradíssimo. Mas penam quando, forçados por uma tragédia (a doença terminal da mãe), precisam atravessar o país e entrar em contato com jovens criados de forma convencional.
Numa das cenas mais reveladoras, as crianças se assustam com o número de pessoas obesas em uma típica cidade da América Profunda. Em outra, o filho rebelde se maravilha com os confortos da vida urbana e questiona Ben: “mas o que há de tão errado assim em ser normal?”
— Pensei que este seria mais um filme baseado num super-herói obscuro de histórias em quadrinhos — confessa Viggo. — Comecei a ler o roteiro desconfiado, e achei que era a realização de uma utopia liberal, a família com valores progressistas que enfrenta o mundo conservador com coragem. Segui adiante e vi que era outra coisa, nada maniqueísta, pois aquele pai estava longe de ser perfeito. Amei as nuances e a sofisticação da narrativa, com um só senão. Se o filme fosse meu, acrescentaria, no título, como provocação, um ponto de interrogação.
Indicado a prêmios de melhor ator pelo Globo de Ouro, pelo Sindicato dos Atores, pelo Indie Spirit e pela Associação de Críticos Americanos, Viggo |Mortensen, 58 anos, interpreta Ben com naturalidade ímpar.


Como o personagem do filme, que foi sensação no último Festival de Sundance, ele já viveu em estado de isolamento da sociedade. Foi quando ainda não havia explodido em Hollywood e se mantinha entre um e outro bico, nos cafundós do Idaho. Antes de começar as filmagens, voltou ao cenário de seu período ermitão.
De lá, viajou de carro até o set no estado de Washington, dirigindo uma caminhonete repleta de livros, ferramentas, utensílios domésticos, uma canoa, bicicletas e arremedos de móveis que aparecem no filme. Também trouxe suas composições para serem incluídas na trilha sonora e ajudou a plantar a horta usada para alimentar a trupe. O elenco juvenil, afiado, também foi indicado na categoria de conjunto pelo Sindicato dos Atores.
INQUIETAÇÕES COM PATERNIDADE
Por essas e outras, até o diretor e roteirista Matt Ross diz que seu segundo longa-metragem é tão de Viggo quanto dele. Mais conhecido do público por seu trabalho como ator coadjuvante, em produções como “Psicopata americano” e “O aviador”, Ross estreou na direção em 2012, com o pouco visto “28 hotel rooms”. “Capitão Fantástico” surgiu de suas próprias inquietações com a paternidade. E de seu encontro com Viggo.
‘Sei que é difícil nos dias de hoje, mas queria encontrar atores que de fato acreditassem na utopia de uma educação libertadora, questionadora de nosso status quo’
- Matt RossDiretor de 'Capitão fantástico'
— Executivos e produtores, quando se familiarizavam com o projeto, me diziam: o Ben tem de ser feito por um ator cômico! — conta ele, que venceu este ano o prêmio de melhor direção da competição paralela do Festival de Cannes, Un Certain Regard. — Bati o pé e disse que o filme só funcionaria se o elenco encarasse aquilo tudo com muita verdade. Sei que é difícil nos dias de hoje, mas queria encontrar atores que de fato acreditassem na utopia de uma educação libertadora, questionadora de nosso status quo. Pois Viggo é assim.
O ponto de interrogação no título proposto pelo ator vem imediatamente à cabeça na cena em que o primogênito revela querer ir à faculdade, rompendo assim o ciclo de afastamento da sociedade imposto pelos pais. Ao mesmo tempo em que se debate contra a rigidez das regras do mundo lá fora, Ben impõe a seu clã um dogmatismo às avessas.
— Ele dá tudo de si para as crianças serem cultas, safas, melhores pessoas do que a média e do que ele próprio. Mas, ao mesmo tempo, ele as impede de interagir com outras adolescentes e crianças, um erro gigantesco — pondera Viggo. — Terminei esta jornada com a certeza de que o importante na criação de nossos filhos é menos a busca da perfeição e mais o exercício diário de compreensão de suas individualidades, em busca de um equilíbrio muitas vezes pouco realista, mas sempre desejável.


Não deixa de ser curioso o fato de que o ator nova-iorquino descendente de dinamarqueses, criado na Argentina e morador de Madri, só ter alcançado o estrelato por conta de seu filho. Foi Henry, hoje ator e músico, então com 11 anos, maravilhado com a leitura da trilogia de J.R.R. Tolkien (1892-1973), quem convenceu Viggo a fazer o teste para substituir o irlandês Stuart Townsend e encarnar um certo Aragorn nas versões de “O Senhor dos Anéis” para o cinema.
“NÃO SEI SE CONSEGUIRIA”
A franquia milionária de Peter Jackson abriu outras portas, como o papel principal na adaptação do celebrado “A estrada”, de Cormac McCarthy, e no thriller “Senhores do crime”, de David Cronenberg, com quem também fez “Marcas da violência”, e para o qual foi indicado ao Oscar de melhor ator.
— Não sei se conseguiria criar meu filho no meio do nada, sem celular, mas a experiência de viver com jovens atores encarnando personagens de 7 a 18 anos, por semanas a fio, nessas condições, foi fascinante, e me fez refletir sobre minhas próprias escolhas profissionais e meu lugar no mundo das artes e do entretenimento — diz Viggo, também poeta, fotógrafo, pintor e editor independente, uma profusão de talentos que lhe garante a alcunha, desta vez sem interrogação alguma, de “Capitão Fantástico”.
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